domingo, 30 de dezembro de 2012

Cartão de ponto: taxistas querem que piso salarial seja de R$ 1,8 mil

Uma remuneração em torno de R$ 1,8 mil para uma jornada de trabalho de oito horas diárias. Esta é a expectativa de piso salarial e carga horária dos taxistas ouvidos  pelo CORREIO, baseado na média dos valores apontados pelos profissionais entrevistados. 
A discussão teve espaço num dia de forte repercussão em torno da aprovação pelo Senado do projeto de lei que regulamenta a profissão. “Acho que o piso salarial dos taxistas deveria ser fixado em R$ 1,5 mil”, opina o presidente da Metropolitana dos Taxistas (AMT), Valdeílson Miguel dos Santos. Já o taxista Temerson Santana, que dirige seu próprio táxi há 12 anos, acha que o piso salarial ideal para a categoria gira em torno dos R$ 2,5 mil. “Considerando que nossa carga de trabalho é de 12 a 14 horas, de segunda a sábado”, pondera.

Mas quem tem frota de táxis não pensa da mesma maneira. Segundo o presidente da Associação das Empresas de Táxi, Nelson Amorim, é muito difícil fixar um salário para esses profissionais, já que a relação predominante hoje entre os taxistas é a da locação. “Como é que eu vou pagar um salário para o motorista se ele sai com meu carro e eu não tenho como controlar o faturamento do dia? Ele pode simplesmente voltar de noite e me dizer que rodou o dia todo, mas não pegou nenhum passageiro. Eles não pensaram nisso quando fizeram o projeto”, analisa. Para Amorim, o salário-base para a categoria deveria ser o mesmo que se paga aos motoristas particulares, pouco menos de R$ 700, acrescido de 3% de comissão.
Presente de grego No entendimento do presidente da Federação Nacional de Taxistas (Fencavir), Edgar Ferreira, o projeto foi aprovado rápido demais, demonstrando desinteresse por parte do Senado. “Nós recebemos um presente de grego, um verdadeiro cavalo de Troia. O senador Eunício Oliveira tramitou o projeto com uma urgência que causa estranheza”, alfineta.

Ferreira critica alguns artigos do projeto que ele considera como “armadilhas”. “A partir do momento que o serviço de táxi for qualificado como transporte público passa a ser obrigatório e o taxista poderá ter que se submeter a uma licitação. Ficaremos enquadrados na mesma situação que se enquadram os ônibus urbanos”, observa.

Outra falha apontada por Ferreira é quanto à aposentadoria dos taxistas. “Ficamos muito tempo na rua, expostos a riscos diversos e muito estresse. Nossa aposentadoria não vai ser diferenciada, mesmo com uma carga horária de 12 a 14 horas de trabalho por dia”, critica.

Ferreira observa que a assinatura da carteira também levanta dúvidas. “Algum juiz pode entender que o taxista que possui um táxi é um microempresário. Vamos correr esse risco”, ressalta.

“A falta de vivência por parte dos parlamentares trouxe esse ‘monstrengo’ que está para ser sancionado. Nosso pedido é que a presidente Dilma vete esse projeto para que a gente consiga apresentar um outro melhor”, pontua Ferreira.



Fonte: AMT

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