Uma remuneração em torno de R$ 1,8 mil para uma jornada de trabalho de oito
horas diárias. Esta é a expectativa de piso salarial e carga horária dos
taxistas ouvidos pelo CORREIO, baseado na média dos valores apontados
pelos profissionais entrevistados.
A discussão teve espaço num dia de forte repercussão em torno da aprovação pelo
Senado do projeto de lei que regulamenta a profissão. “Acho que o piso salarial
dos taxistas deveria ser fixado em R$ 1,5 mil”, opina o presidente da
Metropolitana dos Taxistas (AMT), Valdeílson Miguel dos Santos. Já o taxista
Temerson Santana, que dirige seu próprio táxi há 12 anos, acha que o piso
salarial ideal para a categoria gira em torno dos R$ 2,5 mil. “Considerando que
nossa carga de trabalho é de 12 a 14 horas, de segunda a sábado”, pondera.
Mas quem tem frota de táxis não pensa da mesma maneira. Segundo o
presidente da Associação das Empresas de Táxi, Nelson Amorim, é muito difícil
fixar um salário para esses profissionais, já que a relação predominante hoje
entre os taxistas é a da locação. “Como é que eu vou pagar um salário para o
motorista se ele sai com meu carro e eu não tenho como controlar o faturamento
do dia? Ele pode simplesmente voltar de noite e me dizer que rodou o dia todo,
mas não pegou nenhum passageiro. Eles não pensaram nisso quando fizeram o
projeto”, analisa. Para Amorim, o salário-base para a categoria deveria ser o
mesmo que se paga aos motoristas particulares, pouco menos de R$ 700, acrescido
de 3% de comissão.
Presente de grego No entendimento do
presidente da Federação Nacional de Taxistas (Fencavir), Edgar Ferreira, o
projeto foi aprovado rápido demais, demonstrando desinteresse por parte do
Senado. “Nós recebemos um presente de grego, um verdadeiro cavalo de Troia. O
senador Eunício Oliveira tramitou o projeto com uma urgência que causa
estranheza”, alfineta.
Ferreira critica alguns artigos do projeto que ele
considera como “armadilhas”. “A partir do momento que o serviço de táxi for
qualificado como transporte público passa a ser obrigatório e o taxista poderá
ter que se submeter a uma licitação. Ficaremos enquadrados na mesma situação que
se enquadram os ônibus urbanos”, observa.
Outra falha apontada por
Ferreira é quanto à aposentadoria dos taxistas. “Ficamos muito tempo na rua,
expostos a riscos diversos e muito estresse. Nossa aposentadoria não vai ser
diferenciada, mesmo com uma carga horária de 12 a 14 horas de trabalho por dia”,
critica.
Ferreira observa que a assinatura da carteira também levanta
dúvidas. “Algum juiz pode entender que o taxista que possui um táxi é um
microempresário. Vamos correr esse risco”, ressalta.
“A falta de vivência
por parte dos parlamentares trouxe esse ‘monstrengo’ que está para ser
sancionado. Nosso pedido é que a presidente Dilma vete esse projeto para que a
gente consiga apresentar um outro melhor”, pontua Ferreira.
Fonte: AMT
Nenhum comentário:
Postar um comentário